terça-feira, 22 de novembro de 2011

Reflexão - A Inconveniência de Encarar o Evangelho numa Sociedade Baseada na Conveniência.


A Inconveniência de Encarar o Evangelho numa Sociedade Baseada na Conveniência.

"Estamos acostumados ao sacrifício do ideal sobre o altar da conveniência e do ganho imediato". Stuart Holden.

Introdução

Você já imaginou como seria a vida humana sem algumas invenções surgidas, sobretudo, a partir da modernidade? Você conseguiria, por exemplo, imaginar viver sem energia elétrica? Sem água encanada? Sem refrigerador? O que seria de nós se vivêssemos sem ar-condicionado, carro ou elevador? 

Tenho absoluta certeza de que, para muitos, a vida seria insustentável se não houvesse telefone celular, internet, shopping center, televisão ou CD player? Na verdade, a lista de indispensáveis que são supérfluos é interminável. E por que digo isto? Por que toda a civilização humana que viveu antes de nós não tinha nenhumas destas coisas.

O sociólogo francês Alain Touraine, afirma que nós "vivemos numa sociedade de consumo, onde as mercadorias passaram a mediar nossas relações formando uma sociedade que vive a "modernidade triunfante". A emergência dessa sociedade de consumo é fruto dos avanços e das mudanças que o mundo sofreu, principalmente, no século XX. Neste contexto, afirma, é possível se experimentar a satisfação imediata de quaisquer que sejam as nossas necessidades, desde que se pague por isso. 

Um dos teóricos que influenciou Touraine foi Karl Marx que, por sua vez, já afirmava em suas análises sobre o que designou chamar de materialismo dialético, ainda no século XIX, que "a produção é, pois, imediatamente consumo; o consumo é, imediatamente, produção...". Pois bem, o resultado de todo este avanço tecnológico e científico provocou o surgimento do fenômeno que está sendo denominado de: “sociedade da conveniência”.

A Vida Baseada na Conveniência

Viver nos grandes centros urbanos tornou-se tarefa extremamente difícil. Convivemos diariamente com engarrafamentos, violência, poluição, serviços governamentais de péssima qualidade, dentre outras questões insuportáveis. Em busca do lucro, empresas almejam fazer mais com menos. As pessoas estão assoberbadas, com agendas intermináveis, reuniões, metas a serem batidas, busca pela qualificação, concorrência. São tantas demandas que cada vez mais aumentam os casos dos que, sem estrutura emocional e psíquica para suportar tais pressões, acabam adoecendo.

Fato é que nos tornamos, além da sociedade do consumo, a sociedade da depressão, da ansiedade, do pânico, das doenças psicossomáticas. Ganhamos dinheiro para gastá-lo no consultório do analista; vivemos anestesiados por diasepínicos e ansiolíticos. Sobre isto, bem citou George Calim, escritor americano, "temos acrescentado anos a nossa vida e não vida aos nossos anos". 

Supostamente, para minimizar – ou seria melhor dizer anestesiar – todos estes impactos, surgiu o conceito da conveniência. A conveniência existe para você se sentir único, exclusivo, singular. Ela exalta o conforto, a facilidade, a praticidade. Seu alvo é fazer você economizar tempo, evitar transtornos, fugir de desgastes desnecessários. 

Viver na sociedade da conveniência é possuir tudo a mão: a comida solicitada por telefone com entrega imediata, a loja aberta 24 horas com produtos de utilidade doméstica, serviços prestados com hora marcada, manobrista no restaurante, pet shop para o seu cão, banco pela internet, TV por assinatura, quiosques dos bancos em lugares de fácil acesso, até flores você pede por telefone e paga com cartão de crédito! 
Conseqüências e Desdobramentos Inevitáveis

O problema de se viver numa cultura que minimiza o esforço, que dilui a perseverança, que nos dá a falsa sensação de que o mundo gira em torno de nós, é o surgimento de uma geração de pessoas acomodadas, letárgicas, preguiçosas, descompromissadas, que vivem na zona de conforto, que não se mobilizam, que não protestam, não se sentem responsáveis por nada nem ninguém que não esteja diretamente ligado a si. 

Pouco importa o destino do planeta, ou a dor dos necessitados. Pouco importa a miséria, a opressão, a injustiça, pois, a única coisa que importa, é que meu conforto e as minhas conveniências sejam supridos.

Como pastor, ouvindo pessoas todos os dias, observo que este estilo de vida, que vicia e produz dependência, moveu-se das questões econômicas e acabou por instalar-se nas dinâmicas da espiritualidade humana. Vivemos hoje o que posso denominar de uma “espiritualidade baseada na conveniência”. 

A igreja de nossos dias tem dificuldade de entender a proposta de Jesus. “Vinho novo em odres novos”, ou seja, uma consciência ressignificada em busca de construir uma espiritualidade consciente, conseqüente e sustentável!

As igrejas estão cheias de pessoas vazias! A religião, bem afirmou Marx, tornou-se alienação. Nietzsche estava certo ao afirmar, ainda no século XIX, que nós matamos Deus! Sim, sepultamos o sagrado em nossas liturgias ocas, em nossos ritos de ocasião, tentamos aprisionar Deus com nossos dogmas, transformamos a fé em um discurso desassociado da prática, cauterizamos nossa consciência e, como conseqüência, nosso coração petrificou-se.

Os Fenômenos Surgidos a Partir da Espiritualidade Baseada na Conveniência

Na minha percepção, existem pelo menos três fenômenos produzidos a partir deste modelo de espiritualidade baseada na conveniência. 

O primeiro é a possibilidade de construção de uma “fé self-service”. A quantidade de informação disponível em nossos dias é algo sem precedentes. As pessoas, em sua ânsia e desespero de ter suas necessidades atendidas, buscam satisfazer seus desejos em qualquer lugar, ouvindo qualquer pessoa, desde que isto vá de encontro as suas necessidades. Elas não se fixam em uma comunidade, sob orientação de um pastor, mas vivem pulando de “galho em galho” atrás de algo que seja “inusitado”, “diferente”. É assim que surge a “fé self-service”. Ela nada mais é do que a “costura” de um conjunto de doutrinas desconexas, sincretizadas a partir da teologia pregada por várias denominações. O “fiel” vai juntando as partes do “quebra-cabeça” a partir daquilo que entende, e não daquilo que, na verdade, as Escrituras afirmam. Ele vai hoje aqui, amanhã ali, depois acolá; é um “culto de poder”, um “profeta famoso”, um “missionário de sucesso”, é a leitura de um livro “poderoso”, o programa de TV “ungido” e, com tanta informação desencontrada em sua mente, acaba criando uma “fé Frankenstein”, um monstro que tomou vida a partir de conteúdos “enxertados, cortados e costurados” em sua consciência.

A “fé self-service”, todavia, possui uma grande “vantagem”: o indivíduo pode fazer aquilo que deseja, pois sua vida passa a ser regida por uma “sopa” de doutrinas exercitadas de tal forma a lhe satisfazer os desejos. Com a consciência anestesiada, e sem qualquer discernimento espiritual, ele vai levando, como diria o Chico, só não sei onde vai parar...!

 O segundo fenômeno que percebo é o surgimento da “Igreja Commoditizada”. Do que se trata? Bem, segundo o Wikipédia, “uma commmodity é algo relacionado aos produtos de base em estado bruto (matérias-primas)... de qualidade quase uniforme, produzidos em grandes quantidades e por diferentes produtores”.E como isso se aplica as igrejas? É simples! As igrejas, apesar das inúmeras denominações (produtores), tornaram-se lugares muito parecidos, uniformizados, com cultos e programas muito semelhantes (matérias-primas). Desta forma, o “crente” acaba não tendo muitas opções, fica obrigado a “beber” o “sopão” que está sendo oferecido. Mas lembre-se: estas pessoas estão acostumadas à conveniência, a serem tratadas de forma singular, exclusiva, diferenciada. E é aí que o “bicho pega”!...

Na intenção de atrair o “crente-cliente”, as igrejas buscam diferenciar-se uma das outras através de estratégias as mais bizarras possíveis. São cultos de catarse, exorcismo com direito a entrevista com o capeta, “curas e milagres” ao vivo, louvor com “cantores gospel”, “pregadores famosos”, e tudo o mais que possa diferenciar uma “loja religiosa” da outra. Sim, porque nestes lugares, o que se tem é um “balcão de prestação de serviço”, não uma comunidade de fé! Quanto mais “atrativa” for à programação, tanto maior será a possibilidade de atrair os “fiéis”, afinal, não esqueçamos, eles estão atrás de conveniência!  
Finalmente, o terceiro fenômeno que observo é aquele que produz uma relação com Deus no modelo “on-demand”. O conceito de on-demand surgiu a partir do mundo da tecnologia para permitir a contratação de produtos e serviços conforme a demanda das pessoas, ou seja, você adquire algo na medida certa, que se adéque a sua necessidade. Um exemplo disto são os pacotes oferecidos pelas operadoras de telefonia celular, com opções das mais diversas para os clientes.

Uma relação com Deus baseada no modelo on-demand é aquela na qual a divindade está a serviço da criatura. Deus passa a ser uma espécie de gênio da lâmpada e é acionado sempre que surge uma crise ou quando se quer resolver algo. Deus torna-se um office- boy, ele existe para dar conta de nossas demandas existenciais, por em ordem nossas desordens, aplacar nossas culpas, aliviar nossas dores, perdoar nossos pecados, abrir portas fechadas, tudo conforme a demanda, tudo conforme aquilo que precisamos.         
Conclusão

Num tempo onde a espiritualidade humana se desenvolve baseada em uma fé self-service, as igrejas, commoditizadas, buscam promover “atrações” e “efeitos especiais” par atrair os “fiéis”, e a relação pessoal com Deus está baseada num modelo on-demand, o que podemos esperar?
Conversando com o ministro de música de nossa comunidade, ele me falou do Cristão 3"S". Você conhece este tipo? Os 3"S" significam: salvo, sentado e satisfeito! Triste, mas real. Na sociedade da conveniência, quem está salvo não precisa fazer mais nada, por isso pode ficar sentado, apenas assistindo, e quem está sentado, numa igreja que transformou o culto num espetáculo do Cirque Du Soleil, tem é que estar mais do que satisfeito! 

Por tudo isto, constatamos o quão inconveniente é encarnar o Evangelho numa sociedade que está baseada na conveniência. A questão central é que a mensagem de Jesus exige, justamente, a renúncia, a abnegação, o compromisso, o negar-se a si mesmo, o tomar a sua cruz. Isto, obviamente, requer o abrir a consciência para os conteúdos da mensagem do Nazareno, permitir que o caráter de Cristo seja esculpido em nosso caráter. Em resumo, dá trabalho, e leva tempo, ou seja, não é conveniente...   

Diante de tudo isto, só tenho uma coisa a dizer: Maranata! Vem Senhor Jesus!    




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sábado, 19 de novembro de 2011

Reflexão - O que os outros vão pensar?



Pastor: Júlio Jandt

O que os outros vão pensar?



Essa frase está muito presente no nosso dia-a-dia, não é? Sem dúvida, a gente não pode desprezar as opiniões dos outros. Podemos, inclusive, aprender com elas.  Mas o grande problema é quando tal opinião determina tanto a minha vida que não consigo mais viver de forma autêntica.

Vou colocar determinada blusa, mas... o que os outros vão achar dela? Vou trocar de carro, mas... o que os outros podem pensar disso? Meu filho aprontou de novo... o que será que devem estar pensando de mim? Estou triste e aflito... será que os outros vão pensar que estou em depressão, que perdi a fé?... E assim vamos perdendo a autoestima, a alegria, a espontaneidade, a emoção.

Sabe onde está a raiz desse problema? Está no fato de que ouvimos pouco o que Deuspensa de nós. Notou a diferença? Nem o que eu penso, nem o que os outros pensam; mas o que Deuspensa.

E o que Ele pensa de mim? Duas coisas. Uma boa e a outra, não.

Começo com a ruim. Deus me vê como realmente sou. Não dá para fingir. Não dá para enganar. Hipocrisia não “rola” com Ele. Ele vê meus pensamentos maus, as palavras que profiro que acabam por ferir outros, as atitudes inconvenientes, a falta de amor que reina em meu viver, a miopia e a surdez do meu coração.  

Mas há uma notícia boa. E ela consiste no fato de que, mesmo assim, Deus me ama. E amou tanto que deu a maior prova de amor que alguém daria. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por alguém”, disse Jesus. E, por amar assim, Ele está realmente interessado em mim. Ele me quer. Eu sou precioso para Ele, e sei que somente Ele pode me dar o que meu coração deseja.

Experimente essa opinião imparcial: o que Deus pensa de mim? Ou, como lembrava a camiseta de um amigo: “I’m not better. I’m just forgiven” – “Eu não sou melhor. Sou apenas perdoado”.

O que Deuspensa de mim – isso é o mais importante.


Rev. Julio Jandt
Itararé, SP 
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Igreja em Ação - Aniversário Pastor Otomar Schlender

Recentemente a Congregação Jesus Senhor tem realizado o primeiro culto do mês no domingo, sempre seguido de um almoço de confraternização, no dia 06 de novembro pudemos aproveitar este momento para comemorar mais um ano de vida do nosso pastor Otomar Schlender, A Congregação é agradecida a Deus, por ter-nos enviado o nosso querido pastor que tem nos ajudado muito em nossas dificuldades espirituais, que Deus possa abençoar nosso pastor em sua missão nas Congregações Jesus Senhor e Esperança. Sem dúvida este dia foi muito abençoado, também, pela presença de irmãos especiais, que estavam ausentes, mas que agora retornam para o convívio de sua família da fé, que Deus possa abençoá-los em seu retorno.













domingo, 6 de novembro de 2011

Igreja em Ação - Culto da Reforma

No último dia 29 de outubro, a congregação Jesus Senhor - Pirambú, realizou um culto campal em comemoração aos 494 anos da Reforma Luterana. Uma noite de louvor e agradecimento ao nosso misericordioso Deus que usou seu servo Martinho Lutero para pregar o sua verdadeira palavra. Que o nosso maravilhoso Deus possa usar seus servos para o anuncio das boas novas que é a salvação em Cristo Jesus!



Crianças da Escola Dominical e Pré-adolescentes.

Crianças do Pré-adolescentes.







sábado, 5 de novembro de 2011

Estejam enraizados em Cristo


Pastor: Marlus Seling

“Estejam enraizados em Cristo, construam sua vida sobre ele e se tornem mais fortes na fé, como foi ensinado a vocês e deem sempre graças a Deus.” (Colossenses 2. 7)

Estejam enraizados em Cristo! Quando observamos esta frase que o apóstolo Paulo escreveu aos Colossenses, logo nos vem à mente “raízes de árvores e de outras plantas”. Uma árvore ou outra planta precisa ter raízes fortes e profundas para se sustentar. Porém se vem um vendaval ou temporal muito forte até uma árvore grande pode vir a cair...

O ser humano precisa enraizar-se também. Precisa de um fundamento seguro. Caso contrário pode vir a cair e morrer. Diante disso Paulo nos fala “Estejam enraizados em Cristo”. Uma vez enraizados em Cristo estamos seguros e muito bem firmados, sãos e salvos.

E, por mais que diariamente soframos com os temporais, e vendavais que veem por meio de: doenças, sofrimentos, dificuldades, problemas, perda de pessoas que tanto amamos, falta de dinheiro, desemprego... Uma coisa nós podemos ter certeza: Cristo está ao nosso lado! Se nós estamos enraizados em Cristo, nós estamos bem estruturados. Nenhum problema pode nos derrubar. Nenhuma dificuldade pode nos afastar do amor de Deus, da paz que encontramos em Cristo. Em Cristo somos mais que vencedores. Em Cristo já somos herdeiros do céu.

No nosso batismo, todos nós fomos enraizados em Cristo. E agora quando Paulo nos fala “Estejam enraizados em Cristo” nós somos convidados a viver o batismo e a “andar nele”. Esse andar sempre implica arrependimento e novo começo, nova chance, nova esperança, novo servir, novo agradecer.

Querido irmão e querida irmã na fé, quando o caminho parecer obscuro, a direção confusa, o futuro ambíguo, se lembre do seu batismo, se lembre que você está enraizado em Cristo. Estar enraizado em Cristo é estar sempre sustentado por Ele, nenhum vento ou tempestade pode nos derrubar. Árvores com fortes raízes podem cair, mas todo àquele que está enraizado em Cristo jamais cairá.

Quando estamos em Cristo, “o que é de Cristo torna-se nosso" (Martinho Lutero). A vida eterna e a salvação tornam-se nossa por nós estarmos enraizados em Cristo.


Pastor Marlus Seling
PEL “Emanuel” de São Miguel do Oeste/SC


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